quinta-feira, 31 de maio de 2007

Greve... O direito de uns é a escravidão de outros!!!


Por muitos e diversos motivos eu resolvi não fazer Greve desta vez.
Lá no meu trabalho, rotativo, greve é sinónimo de problemas e desta vez não foi excepção. A lei da greve protege os grevistas e como tal nenhum grevista é obrigado a substituir um não grevista (neste caso eu). Como podem deduzir sobrou para mim, e fiz 24 horas contínuas de jornada laboral. Teria o problema resolvido se como muitas outras tivesse sido influenciada por terceiros e fizesse greve, mas como assumi até às últimas consequências que não fazia greve trabalhei que nem uma moura. Não sei se é legal trabalhar 24 horas seguídas porque sempre que precisamos do sindicato, para o qual desconto imenso por sinal, ele nunca está disponível para ajudar. O que sei é que a lei protegia a grevista e eu não tendo quem me substituísse não podia abandonar o meu local de trabalho. Não sei se alguma vez um caso destes aconteceu, mas o que sei é que às vezes é preciso acontecer os absurdos para se acrescentar alíneas às leis, quando estas deveriam ser pensadas e redigidas a pensar em todos e a abranger os casos especiais.
No meu trabalho as pessoas são quase sempre coagidas a fazer greve para não serem obrigadas a seguir turno. A greve que é um direito dos trabalhadores num país que se diz livre e democrático acaba por ser motivo de desigualdade e injustiça social e laboral.
Por isso para mim e para as minhas colegas greve é sinónimo de frustração (perante uma lei que consideramos injusta para com os que querem trabalhar e optar por não fazer greve) e incapacidade (perante a impossibilidade de mudar uma lei que é redigida e elaborada nas mais altas instâncias de um país).
Alguns disseram que eu era a super mulher, outros que era uma mulher de tomates, eu não me sinto nada disso... sinto-me injustiçada e com medo da próxima greve onde me arrisco a seguir novamente turno se não aderir à greve.
Consegui fazer aquilo que nem eu mesma pensei que conseguísse fazer 24 horas de trabalho contínuas, que foi para mim uma verdadeira prisão, uma clausura, uma tortura...mas dei o meu melhor como sempre faço em cada turno de trabalho, seja em greve ou não.
Corro ainda o risco de não me pagarem as horas extras que fiz a mais porque, segundo a mesma famosa lei, em dia de greve não podem ser pagos turnos extraordinários. Enfim, a corda arrebenta sempre do lado mais fraco e neste caso foi nesta contratada descontente com o seu trabalho e sem lei que a proteja de querer trabalhar para ganhar a vida.
Não vos quero cansar mais com a minha história triste... quero apenas que sintam comigo o prazer de sair à rua e sentir novamente, após 24 horas de escravidão, a brisa matinal...ela trazia um beijo de Amor e um abraço de ternura que me envolveu e adormeceu.

Por ti sou forte e nos teus braços posso ser fraca, obrigada por Tudo meu Anjo.

Um beijo de Lua


p.s. Queria apenas esclarecer os meus caros leitores que o facto de não ter feito greve não significa que não concorde com a mesma. Os motivos da greve são justos e as pessoas têm de lutar pelos seus direitos, acontece que neste caso específico eu ponderei todos os motivos para fazer e não fazer greve e o prato da balança pesou mais do lado "Não fazer greve" e foi essa a minha decisão até ao fim.

Sem comentários: